A Pesquisa é um importante pilar da nossa instituição, estando presente, inclusive, na sigla CEAPIA: Centro de Ensino, Atendimento e Pesquisa da Infância e da Adolescência. Ainda nos primeiros anos de vida da instituição, foram desenvolvidas as primeiras pesquisas, que datam dos anos 1980.
O Setor de Pesquisa foi criado em 1988, sob a coordenação da psicanalista Lisiane Milman Cervo com a ajuda das colegas Sandra Dorfman e a Cátia Mello, visava conhecer a população atendida no ambulatório. “Concluí o curso em 1988 e fui convidada a integrar esse grupo: era momento de novas
idéias e muito entusiasmo! O Ensino e o Atendimento no ambulatório do CEAPIA já estavam a pleno vapor, mas a Pesquisa era quase que restrita ao P do nome CEAPIA – um projeto, uma intenção!”, nos contou a própria Lisiane. O trabalho ainda era artesanal, os dados coletados em pastas manuscritas.
Nessa época, foi realizado o primeiro estudo de prevalência sobre a população atendida no CEAPIA, intitulado “Latência em centro de atendimento psicoterapêutico infantil: estudo de prevalência” e publicado na Revista Publicação CEAPIA de 1991, em parceria com a prof. Dra. Maria Lúcia Tiellet
Nunes, uma colaboradora que seguiu auxiliando a pesquisa da nossa instituição por muitos anos.
A psicanalista Cátia Mello assumiu a coordenação da pesquisa em 1991, trabalhando em parceria com outros setores, desenvolvendo importantes projetos como o desenvolvimento da ficha de levantamento de dados (que desde 2002 é o Sistema de Informações CEAPIA) e as fichas de avaliação das jornadas, dos seminários, das preceptorias, dos auxiliares de ensino e das supervisões.
No ano de 2005, iniciou-se a digitalização dos prontuários dos pacientes atendidos na instituição e, em 2008, foi criado o banco de dados no programa SPSS, o qual auxiliou que as informações pudessem ser quantificadas e analisadas estatisticamente. Em 2009, o setor passou a funcionar como uma comissão ligada à Direção de Ensino.
Em 2014, na gestão da presidente Cátia Mello, o CEAPIA passou a ter uma Direção de Pesquisa, sendo as primeiras diretoras as psicólogas Sílvia Hallberg e Milene Merg. Na gestão seguinte, Sílvia seguiu e Danielle Bellato assumiu como vice diretora.
Nesse período, a comissão de pesquisa deu continuidade ao banco de dados através da digitalização dos prontuários de pacientes já atendidos no CEAPIA. Além disso, foram realizados estudos pela comissão e também por pesquisadores externos, que, aproveitando os dados do CEAPIA, escreveram seus trabalhos de conclusão de curso e dissertações de mestrado, apresentados no CEAPIA Pesquisa, evento criado no ano de 2017 e realizado também em 2018.
Em 2018, comemoraram-se os 40 anos da instituição e foi realizado o estudo “40 anos de clínica da infância e da adolescência: análise entre décadas do perfil de pacientes atendidos no CEAPIA”, publicado na Revista CEAPIA de 2019. Sílvia Hallberg seguiu responsável pela Pesquisa até meados de 2019, quando Juliana Santos assumiu a coordenação.
O ano de 2019 foi um marco na trajetória da pesquisa dentro da instituição, pois contamos com a primeira mesa na Jornada Anual do CEAPIA, com o título “Pesquisa: tecendo diálogos para pensar a técnica”. Isso evidencia o espaço cada vez maior que a pesquisa foi conquistando. Nessa ocasião,
pudemos ouvir as pesquisadoras Andrea Pereira, Gabriela Xavier de Araújo e Marina Gastaud falando sobre suas experiências na interlocução das áreas de pesquisa e clínica.
Atualmente, o CEAPIA segue contando com uma Direção e Comissão de Pesquisa, desenvolvendo suas próprias pesquisas e organizando eventos científicos relacionados à pesquisa na instituição, além de avaliar e acompanhar projetos vinculados a grupos de pós-graduação que desejam realizar estudos no CEAPIA.
Em 2020, Elisa Cardoso Azevedo e Cristiane Friedrich Feil assumiram a direção de pesquisa, com a colaboração da comissão: Cristina Horta, Eduarda Lauryn, Helena Riter, Luísa Dall’Agnol, Luísa Mello, Laura Lotti, Laura Wolf e Roberta Golbert. Devido à pandemia de coronavírus, que levou os
psicoterapeutas à psicoterapia on-line, o grupo tem desenvolvido o projeto “Psicoterapia de orientação psicanalítica on-line com crianças e adolescentes em tempos de isolamento social decorrente da pandemia de COVID-19”, que já tem seu primeiro artigo publicado na última edição da revista do CEAPIA. Além disso, a equipe segue o estudo com os prontuários dos pacientes atendidos na nossa instituição, que já conta com 7.259 sujeitos no banco de dados.
Como se pode observar, a trajetória da pesquisa no CEAPIA vem caminhando lado a lado com a história da aproximação entre a pesquisa acadêmica e a psicanálise. Ainda hoje, a conversa entre essas duas áreas se mostra incipiente, apesar de muito mais intensa do que em outras épocas, com
a possibilidade de uma presença maior da pesquisa no CEAPIA. A comissão de pesquisa tem mostrado a importância dessa interlocução não somente para a instituição, mas também através de ideias de parcerias com outras instituições de ensino, como universidades e cursos de formação.